Covers environment, transportation, urban and regional planning, economic and social issues with a focus on Finland and Portugal.

Tuesday, September 18, 2007

Crise do crédito hipotecário "subprime" - fed rate cut - recessão

A crise no mercado de crédito hipotecário de alto risco norte-americano (subprime mortgages) está a propagar-se aos mercados europeus e asiáticos. Os bancos centrais tentam evitar o pânico a todo o custo , tendo o BCE e a Reserva Federal (Fed) já efectuado gigantescas injecções de capital, com o objectivo de evitar o colapso financeiro motivado pela falta de liquidez dos bancos.

Hoje, o Fed reduziu a sua taxa de juro de referência em 50 pontos base para 4.75%, na tentativa de afastar o cenário de recessão, quando a maioria dos investidores esperava um corte de apenas 25 pontos. Esta é a primeira descida do preço do dinheiro, em cerca de 4 anos ,nos EUA.

Também hoje, com a redução de juros da Fed, o petróleo atingiu um novo máximo histórico, situando-se nos 81,90 dólares e o Euro fixou-se no máximo histórico de 1,3990 dólares.

No começo de Julho escrevia aqui o seguinte:
"É provável que Portugal esteja na fase final dum ciclo económico recessivo, caso a conjuntura externa se mantenha favorável. Detectam-se tímidos sinais de crescimento, embora abaixo do desejável para uma convergência na UE. O governo conseguiu controlar a despesa do estado (o objectivo principal da governação e da “cooperação estratégica” consistiu no controlo do défice público), mas até agora não conseguiu acelerar a economia. Se o fizer pela via mais fácil e que possibilita resultados imediatos - o recurso às grandes obras públicas - o aumento do investimento público em infraestruturas (gastos de estado) fará certamente crescer o PIB. É tentador, mas a receita, sendo a mesma do passado, conduziria apenas a resultados sectoriais de curto/médio prazo e sem profundidade estrutural na nossa economia. O histórico é elucidativo: CCB, Expo98, Euro2004 e os resultados estão à vista.

A aposta forte terá de ser feita na capacidade exportadora (além da convergência e do nível de vida). É necessário um intenso investimento para obtenção de inovação e competências, que permitam melhorar o nível de vida dos portugueses. Neste momento, em termos macroeconómicos, Portugal precisa do impulso do investimento público e privado, sendo algo estranho que o sector bancário não o faça decisivamente, até porque tem obtido largos lucros obtidos nos últimos anos. Tem-se a sensação que se espera por algum “sinal” político para começar a investir ou será que apenas se espera pela “abertura da torneira” do QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional 2007-2013), como sucedeu após 1985, quando que se deu uma mudança política sincronizada com a “inundação” de Fundos Estruturais ."

Ora, actualmente, devido à evidente crise na banca internacional, poderá vir a acontecer (ou já estar a acontecer) aquilo que se receava: os bancos portugueses começarem a restringir o crédito, com prováveis repercussões no investimento privado; os efeitos negativos nas exportações nacionais, visto que a economia portuguesa é muito dependente da conjuntura internacional.

Perante este cenário poderá apenas sobrar uma alternativa política sustentável no sentido de assegurar o crescimento económico: uma profunda reforma da administração central do Estado,através da aceleração do processo de regionalização/descentralização com a implementação breve das Regiões Administrativas. Uma oportunidade única para uma maximização do investimento público e comunitário referente ao QREN 2007-2013, não caindo assim, no erro do recurso às grandes obras públicas como motor de desenvolvimento centralista do país.

É hora de aproveitar a crise para realizar profundas transformações. Não permitamos que a crise do sistema financeiro afecte ainda mais as regiões e as populações mais desfavorecidas, que são sempre as primeiras a pagar a crise.

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