Covers environment, transportation, urban and regional planning, economic and social issues with a focus on Finland and Portugal.

Friday, February 1, 2008

Koistinen (1/3)

image by Zohar Manor-Abel

Nokia

1. Visão “interMédia “


Recentemente, a Nokia, maior fabricante mundial de telemóveis, anunciou que em meados deste ano iria encerrar a sua fábrica em Bochum, na Alemanha,, num corte que poderia chegar a 2300 empregos, sendo a produção transferida para locais mais competitivos na Europa.

"Estamos transferindo a produção para fábricas existentes, principalmente na Roménia, cuja unidade irá inaugurar no segundo trimestre", afirmou o porta-voz da empresa, Arja Suominen, informando que já se tinha iniciado a selecção.

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Na Europa, a Nokia possuí fábricas em países como a Finlândia, Hungria e Reino Unido, estando em fase de construção uma nova fábrica na Roménia, num investimento que ronda os 60 milhões de euros. Tem também fábricas localizadas no Brasil, México, Índia e China. Em Dezembro passado, a empresa decidiu transferir alguma das suas linhas de produção da Finlândia para a Coreia do Sul.

De acordo com a Bloomberg, um sindicato alemão considerou esta atitude "desumana" e "socialmente inaceitável"

Também a Nokia Siemens Networks afirmou a sua pretensão de cortar 9 mil empregos, 15 por cento de sua força total de trabalho, até o final de 2010, sendo 2,29 mil funcionários da Alemanha.

Entretanto, mais recentemente, a Nokia apresentou os resultados financeiros do quarto trimestre de 2007 com um aumento de 44% do lucro líquido, que totalizou US$ 2,6 biliões. A meta de longo prazo, chegar a 40% de participação no mercado de telemóveis, também foi alcançada no período.

As vendas líquidas cresceram, entre Outubro e Dezembro de 2007, de 34%, para 15,7 biliões de euros. No total, a empresa anunciou que vendeu mais de 133 milhões de telemóveis, um crescimento de 27% em comparação com o mesmo período de 2006.


*Fim da síntese da informação disseminada pelos media tradicionais*

2. Visão desfocada do indivíduo

As distâncias tornam-se irrelevantes; a divisão tecnológica tende a desaparecer globalmente; harmoniza-se a produtividade a nível global; desenvolve-se uma gestão global; a nacionalidade das empresas perde progressivamente importância; emerge uma nova classe média na Europa Central, Ásia e América Latina; aumenta a competição entre os sistemas de valores dos países industrializados vs Ásia e Europa Central; no Ocidente coexistem sociedades heterógeneas com diferentes sistemas de valores e noções de classe social; na Europa Ocidental transparece uma certa rejeição do conceito de mobilidade profissional; China, Índia e Rússia tornam-se potências tecnológicas. IMD World Competitiveness Yearbook

Estas tendências são factores subjectivos tidos em conta pelas multinacionais, quando estas planeiam a localização das suas unidades produtivas no mapa mundial, tendo como objectivo obter vantagens competitivas e rentabilidade financeira a longo prazo. No caso da Nokia, esta quer ultrapassar os seus concorrentes directos, Samsung e Motorola, sem diminuir as suas margens de lucro.

É esta a visão empresarial duma unidade de gestão num sistema económico global. Uma visão distante, desfocada, fria, incompleta. Mas não é esta a realidade social do desemprego, um somatório de milhares de tragédias individuais evitáveis, coexistindo ao lado duma frenética acumulação de capital, que já não escorre do topo - fechado em si mesmo - para a base social. Hoje é na Alemanha, amanhã será noutro país seleccionado.

3. Visão focada no indivíduo

O exercício seguidamente proposto é adequado à correcção de “miopia” social. Trata-se de visualizar um extraordinário trabalho artístico de Chris Jordan, tendo a esperança, tal como ele, que as imagens que representam as quantidades tenham um efeito diferente do que os números têm, tal como os vemos normalmente nos livros:
Running the Numbers - An American Self-Portrait by Chris Jordan

É preciso que avaliadores e decisores de investimentos visualizem os seus modelos a diversas escalas e à escala humana. As estatísticas são necessárias aproximações da realidade, mas representam intrinsecamente uma abstracção que nos pode afastar da realidade social e humana, ao transformar seres humanos em dígitos.

nota: No último filme de Aki Kaurismäki, “Luzes no Crepúsculo”, terceira parte de uma trilogia sobre a crise económica e o desemprego, o actor Janne Hyytiäinen desempenha o papel de Koistinen.

Koistinen (2/3)

Koistinen (3/3)


Publicado em www.newropeans-magazine.org

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