Covers environment, transportation, urban and regional planning, economic and social issues with a focus on Finland and Portugal.

Sunday, October 24, 2010

Urgente recuperar modelo de organização de cidades do Sul da Europa

Wordle: automóveisdonoscidades

O director de programação e planeamento da Agência Ecologia Urbana de Barcelona, Francisco Cárdenas, deu uma interessante e elucidativa entrevista ao Jornal Público, da qual apresentamos uma síntese dos pontos que nos parecem mais relevantes: 

Análise: 
  •  Actual modelo: modelo de organização de cidade americana, onde o espaço público pertence aos automóveis privados. Ou há peões ou condutores: não há cidadãos. 
  •  Urgente recuperar o modelo de organização de cidades do Sul da Europa - cidade compacta : modelo de uma cidade diversa e complexa, onde o espaço público é importante. 
  • Veículo privado, pouco a pouco tornou-se o dono das cidades ; dependência do veículo privado é a grande perversão das cidades actuais; planificadores passaram a desenhar as cidades a pensar neles.
  •  Na maioria das cidades médias e grandes, no Sul da Europa, cerca de 70 por cento do espaço público é para o veículo privado. 
 Propostas: 
  •  Para que um carro não passe numa rua há muito poucas soluções. O estacionamento e as portagens já são utilizadas (estas de forma algo injusta); quarteirões - à volta deles seria possível circular, dentro não.  
  •  Funcionalidade das cidades - Mas porque é que as cargas e descargas se podem fazer durante todo o dia? 
  •  O transporte público tem de ter qualidade - frequência e cobertura - para ser competitivo. 
  •  Em Barcelona, um distrito com 150 mil pessoas, só se tocou em 4% dos carros. O que se mudou é que os carros em vez de irem por onde querem, vão por onde foi definido.  
Agência de Ecologia Urbana de Barcelona: 
  •  Quando os arquitectos desenham uma casa pensam muito no conforto - as cores, a luz, a temperatura, o solo - no espaço público não se pensa nisso.  
  •  Desenhar cidades como se desenham casas - conceitos de habitabilidade e de conforto têm de estar associados.
  •  Retirar os carros das cidades, é preciso levar as pessoas lá - tendência tem sido outra, com as cidades dormitório a aumentar. Expulsava-se a população para os arredores; e depois para os arredores dos arredores... e por aí adiante. 
  •  A população irá regressar – talvez daqui a 5 ou 15 anos, mas voltará. 
Barcelona:
  •  Nova rede de autocarros; implementação de um urbanismo em 3 planos: altura, superfície e subterrâneo; veículos podem - e devem - ocupar mais o subsolo para estacionamento; optimizar o consumo de energia
  •  Agência de Ecologia Urbana de Barcelona desenvolve projectos por toda a Europa. Em Espanha, além de Barcelona e arredores, trabalha com Madrid e Corunha, por exemplo. Em Portugal, com vários municípios do eixo atlântico: Porto, Vila Real, Bragança.  
Sustentabilidade em Portugal:
  •  É um modelo de cidade difusa, que não cria cidades, cria ajuntamentos urbanos. Em Portugal, o modelo das cidades difusas está implementado de uma maneira particularmente escandalosa. Em Espanha também.  
  •  Políticos não têm a coragem de assumir o compromisso de projectos a longo prazo.
  •  Ao cidadão cabe a parte de reivindicar a cidade para si, de reivindicar o direito de sair à rua sem medo de ser atropelado, de poder caminhar numa cidade com qualidade de ar, sem ruído excessivo.
  •  Insustentável - em menos de 20 anos os recursos poderão acabar. Vive-se como se os recursos fossem infinitos, fazemos cidades como se a energia fosse infinita, como se a tecnologia resolvesse tudo. 
  •  Olha-se para o PIB e parece que está tudo bem. Se se vendem mais carros, é possível que ele cresça.
  •  ”Há pessoas que aqui [aponta para a cabeça] a única coisa que têm é um automóvel.”

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Thursday, October 14, 2010

Sunday, October 10, 2010

Alentejo pressiona por Regionalização

Central Fotovoltaica de Serpa(Brinches)  by Mokkikunta
Segundo o jornal Diário de Notícias, os promotores do almoço que juntou ontem actuais e antigos presidentes de câmara do Alentejo defenderam que o avanço da Regionalização poderá impulsionar o desenvolvimento e suprir "alguns problemas" da região, como o despovoamento

Contando com cerca de cem participantes, o almoço decorreu no Monte do Sobral,  freguesia de Alcáçovas, concelho de Viana do Alentejo (Évora), onde, em 1973, 136 oficiais portugueses realizaram uma reunião clandestina que marcou o início do Movimento das Forças Armadas.

O Alentejo é uma região com baixa densidade populacional, ocupando quase 33% da área de Portugal, mas  tendo apenas 5,2% dos seus habitantes. Sendo uma das regiões europeias com maior decréscimo populacional, só será possível inverter o seu declínio económico através de um afluxo de população.

Até agora, o Alentejo não tem cidades com dimensão suficiente para obter economias de escala, em parte devido a um fraco sistema urbano que está bloqueando o seu desenvolvimento. No entanto, Évora, com cerca de 50.000 habitantes, apresenta uma dinâmica muito positiva com algum potencial para inverter esta tendência negativa.

Para um efectivo desenvolvimento regional do Alentejo, é fundamental desenvolver o Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva, em todo seu todo potencial - agro-indústria, agricultura, irrigação, turismo e energias renováveis. Esta poderia ser uma grande oportunidade para desenvolver o potencial do Alentejo na produção de electricidade a partir de fontes renováveis.  A produção será realizada por centrais fotovoltaicas centralizadas, a Central Hidroeléctrica de Alqueva, pequenas centrais hidroelétricas, mini-centrais fotovoltaicas e Microgeração.

"A regionalização poderia ser muito importante para combater a questão da desertificação do Alentejo", afirmou no encontro, Fernando Sousa Caeiros, da comissão organizadora do encontro e antigo presidente da Câmara de Castro Verde (Beja). De realçar que a iniciativa pretendeu ser suprapartidária, tendo o objectivo sido atingido, segundo  Caeiros : "Contámos com a presença de autarcas dos vários partidos." 

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